Atentado contra candidato presidencial abala cenário político do Equador
Fernando Villavicencio, postulante à presidência do Equador, foi vítima de um homicídio por disparos na cabeça, após deixar um comício realizado em uma escola na cidade de Quito, na quarta-feira (9), conforme declarações de autoridades locais.
De acordo com relatórios preliminares, três indivíduos armados realizaram disparos utilizando metralhadoras. Nove pessoas sofreram ferimentos, entre elas uma candidata à Câmara de Deputados e dois policiais.
Na última aparição de Villavicencio, ele é observado saindo do colégio onde o comício aconteceu, acompanhado por agentes policiais que o auxiliam a entrar em um veículo. Instantes antes do fechamento da porta, são percebidos sons de disparos acompanhados por gritos.
Denúncia ao narcotráfico no Equador
O analista político Maurício Santora esclarece que a trajetória jornalística de Villavicencio no Equador concentrou-se na exposição de denúncias envolvendo atividades de narcotráfico e a corrupção dentro das fileiras da elite política da nação. Ele ressalta que o candidato confrontou interesses de inúmeras figuras grandes.
O cenário de criminalidade no país resultou em uma duplicação da taxa de homicídios em 2022, atingindo um índice de 25 mortes por cada 100 mil habitantes. Há apenas cerca de duas semanas, um prefeito foi vítima de assassinato no país.
Dessa maneira, o Equador tem enfrentado um aumento da violência relacionada ao narcotráfico, o qual, no contexto do processo eleitoral, culminou nos assassinatos de um prefeito e um candidato a deputado, além de ameaças dirigidas a um concorrente presidencial.
Ameaças constantes
No dia 7 de agosto, funcionários do Conselho Nacional Eleitoral comunicaram ter recebido ameaças de morte, com a presidente da instituição, Diana Atamaint, lançando o alerta. Ela ressaltou que os servidores públicos estão expostos a essas situações, não apenas enfrentando ameaças, mas também sendo alvo de violência política, incluindo insultos em plataformas de mídia social.
A sede do partido a que pertencia Fernando Villavicencio, o Movimiento Construye, também sofreu um ataque por criminosos armados, conforme relatado em uma publicação do grupo nas redes sociais. Com isso, o general da polícia Alain Luna classificou o homicídio de Villavicencio como um ato de terrorismo.
Nesse cenário político caótico, o Equador está prestes a realizar eleições para escolher presidente, vice-presidente e 137 parlamentares em 20 de agosto. Em maio, o presidente Guillermo Lasso tomou a decisão de dissolver a opositora Assembleia Nacional para pôr fim a uma grave crise política e agitação interna.
Imagem: Fernando Buendia/AFP