Mesmo com aumento de volume de açudes em 11 anos, fenômeno preocupa o Ceará
Os reservatórios de água no Ceará estão atualmente preenchidos com 46,6% de sua capacidade total, cerca de três meses após o término da estação chuvosa, de acordo com os dados de monitoramento fornecidos pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), até esta segunda-feira (28).
Nesse momento, existem cerca de 8,6 bilhões m³ de água armazenados nos 157 açudes sob o monitoramento da Cogerh. Com isso, agosto de 2023 se destaca como o período de maior armazenamento hídrico em onze anos.
No entanto, apesar do bom volume que foi acumulado, existe a possibilidade de que as chuvas do próximo ano possam ser impactadas pelo fenômeno El Niño. As consequências desse fenômeno ainda são incertas e não é possível prever sua magnitude com precisão.
Açude Castanhão
Tércio Tavares, diretor de Operações da Cogerh, esclarece que as reservas hídricas não se encontram em uma condição completamente confortável. A essa preocupação soma-se o impacto das elevadas temperaturas, causadas pelo aquecimento global.
Essa combinação de fatores pode ter repercussões sobre o maior reservatório do Ceará, o Açude Castanhão, que corre o risco de declinar de sua taxa atual de 29% para cerca de 20% até janeiro de 2024, conforme apontado pelo gestor.
Nos anos recentes, a situação do Castanhão chegou a níveis críticos. Em agosto de 2017, seu nível de armazenamento caiu para 4,52%. No momento, o reservatório detém cerca de 1.952 hm³ de água, 29,14% de sua capacidade total.
O El Niño no Ceará
O El Niño é um fenômeno caracterizado pelo aquecimento acentuado das águas oceânicas, cuja dinâmica prejudica a formação das nuvens de chuva no Nordeste do Brasil. Para além das implicações no Açude Castanhão, os habitantes do Ceará podem testemunhar a diminuição nos níveis de água em vários outros açudes, notadamente na região do Sertão de Crateús, no Curu e no Médio Jaguaribe.
Tércio explica que cada ocorrência do fenômeno El Niño no Ceará costuma ser acompanhada por precipitações pluviométricas abaixo da média. Em 1998, o fenômeno afetou o Nordeste em sua totalidade, resultando em uma redução de 57% nas chuvas do Ceará.
Nesse ano específico, o acumulado de chuvas atingiu apenas 271 mm, enquanto a média histórica é de 600 mm, ou seja, houve uma diminuição de 57% na quantidade de chuvas. Esses registros são provenientes da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
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Imagem: Reprodução/Diário do Nordeste