Alimentos no Ceará vão ficar mais caros; entenda o motivo

Desde o último domingo, 1º de setembro de 2024, as contas de luz no Brasil estão sob a bandeira vermelha patamar 2. Esse ajuste, que representa um aumento de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, traz um impacto significativo na economia, especialmente para consumidores domésticos e pequenos empresários.

De acordo com o economista Alex Araújo, o sistema de bandeiras tarifárias afeta mais os consumidores domésticos e pequenos negócios, pois grandes empresas compram energia no mercado livre. “O impacto tende a ser maior no orçamento familiar”, destaca Alex. Isso porque uma boa parte do orçamento das famílias já está comprometida com serviços de utilidade pública, com a energia elétrica tendo o maior peso.

Como o aumento na conta de luz impacta o setor de alimentos?

A produção de alimentos é uma das mais afetadas pela nova bandeira de energia. Conforme Odálio Girão, analista de mercado das Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), grãos como soja, milho, arroz e feijão precisam de irrigação contínua, elevando o custo de produção com o aumento na conta de luz.

Anna Fercher, da Neogrid, destaca que a alta na conta de luz impacta diretamente a soja, que é um alimentador essencial para a pecuária. Com o aumento esperado a partir de outubro, proteínas animais como carne bovina, suína e aves devem sofrer um encarecimento.

O presidente do Sindilaticínios do Ceará, José Antunes Mota, enfatiza que o aumento na conta de luz afeta toda a cadeia de produção dos laticínios. “Desde a irrigação do pasto até a refrigeração do leite, tudo depende de energia elétrica. O aumento será repassado de imediato ao consumidor”, afirma Mota. Ele acrescenta que o impacto se dá em todas as etapas, inclusive no supermercado, que também arca com o aumento de custos energéticos.

O que são as bandeiras tarifárias?

As bandeiras tarifárias foram criadas pela Aneel em 2015 para refletir os custos variáveis de geração de energia. Divididas em níveis, indicam os custos para o Sistema Interligado Nacional (SIN) gerar a energia usada em residências, estabelecimentos comerciais e indústrias:

  • Bandeira verde: condições favoráveis, sem acréscimo no preço da conta de luz.
  • Bandeira amarela: condições menos favoráveis, acréscimo de R$ 1,88 a cada 100 kWh.
  • Bandeira vermelha – Patamar 1: condições desfavoráveis, acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 kWh.
  • Bandeira vermelha – Patamar 2: condições muito desfavoráveis, acréscimo de R$ 7,87 a cada 100 kWh.

O anúncio recente da bandeira vermelha patamar 2 pela Aneel é uma resposta à redução do nível de água dos reservatórios brasileiros e à previsão de chuvas abaixo da média em setembro de 2024. Essa é a primeira vez em três anos que essa bandeira é acionada, refletindo a seriedade da situação atual.

Para os consumidores que já enfrentam um orçamento apertado, algumas estratégias podem ajudar a amenizar os custos adicionais. O uso de placas solares vem sendo uma alternativa para muitos, reduzindo a dependência da energia elétrica convencional. Além disso, práticas de economia de energia, como o desligamento de equipamentos não essenciais, também são recomendadas.