Ceará é o único estado da região nordeste com todo o seu território sujeito a “rachar o solo”; entenda

Uma análise minuciosa realizada pelos Tribunais de Contas dos estados do Ceará, da Paraíba, de Pernambuco, do Rio Grande do Norte e de Sergipe, em colaboração com o Tribunal de Contas da União (TCU), colocou em evidência a ineficácia das políticas públicas no enfrentamento da desertificação.

Os resultados dessa investigação apontam para uma situação preocupante, na qual a deterioração ambiental nas referidas regiões tem se agravado, sendo desencadeada tanto por fatores climáticos quanto por intervenções humanas.

O estudo, cujos achados foram publicados em 27 de julho, destaca, por exemplo, a não implementação do Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAE-CE) no Ceará como uma das raízes do problema. Confira!

Áreas afetadas no Ceará

Conforme destacado no relatório emitido pelo Tribunal de Contas do Ceará (TCE), a situação se torna ainda mais alarmante ao constatar que o Ceará é o único estado da região que enfrenta a ameaça de desertificação em todo o seu território.

Com uma extensão total de 148 mil km², o estado encontra-se completamente vulnerável a esse fenômeno, conferindo à ausência de implementação de políticas públicas de combate a essa questão um caráter ainda mais preocupante.

Dentro dos limites do Ceará, dos 184 municípios que compõem o estado, impressionantes 171 estão situados no semiárido cearense, abarcando aproximadamente 92,93% do território estadual. Três regiões específicas apresentam níveis de gravidade considerados muito altos em relação à ocorrência desse fenômeno. São elas:

  • Irauçuba, localizada no Centro Norte do estado;
  • Sertão de Inhamuns;
  • Médio Jaguaribe.

Essa concentração de áreas severamente afetadas ressalta ainda mais a urgência de se desenvolver ações efetivas para lidar com os impactos da desertificação no Ceará.

Segundo as palavras do doutor em Geografia e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Flávio Rodrigues do Nascimento, o processo de desertificação é um fenômeno decorrente da interseção das mudanças climáticas com atividades humanas em áreas áridas. Porém, Flávio destaca que, no contexto cearense, a degradação é predominantemente resultado da influência das ações humanas.

O especialista enfatiza ainda que enfrentar esse desafio requer a implementação de políticas públicas abrangentes, abarcando não somente a seca, mas também as questões da pobreza e da carência nas áreas rurais. Para lidar eficazmente com a situação, Flávio ressalta a importância de políticas voltadas à preservação das caatingas, bem como a execução e o monitoramento rigoroso dessas medidas.

Imagem: Reprodução/Infoenem