Ceará perde importante nome do teatro nacional
Aderbal Freire-Filho, renomado diretor teatral brasileiro do século 20, reconhecido por infundir vigor à palavra cênica, faleceu nesta quarta-feira (9), aos 82 anos. Sua assessoria de imprensa confirmou o óbito.
Freire Filho, um mestre na convergência entre a literatura e a teatralidade, deixou uma marca inestimável no teatro nacional ao longo de sua carreira, engajando-se em mais de uma centena de produções teatrais.
Após meses de internação decorrente de um acidente vascular cerebral, o diretor nos deixa, mas seu legado perdurará como inspiração para as futuras gerações no mundo das artes.
Quem era Freire-Filho
Nascido em Fortaleza no ano de 1941, Aderbal Freire-Filho emergiu como uma figura inventiva nos palcos cariocas, uma trajetória que se desdobrou quando, optando pelo teatro em detrimento da advocacia, transformou-se em um inovador.
Sua conexão com as artes cênicas já se delineava desde os tenros 13 anos de idade, quando chegou ao Rio de Janeiro, em 1970. No entanto, a necessidade de enfrentar as despesas do aluguel o direcionou ao campo da direção teatral.
Ainda utilizando o nome Aderbal Júnior, ele assumiu a direção da peça “Apareceu a Margarida” (1973), a primeira criação de Roberto Atahyde. A peça abordava a aterrorizante realidade do autoritarismo no âmbito educacional, capturando a essência do contexto de repressão política vigente na época.
No entanto, a temporada da produção foi abruptamente interrompida devido à intervenção da censura.
Amor pela arte e papel no teatro nacional
Para Aderbal, a liberdade caminhava de mãos dadas com a precisão. Ao assumir a direção de atores e atrizes, ele considerava imperativo que cada artista construísse sua compreensão da obra, desempenhando um papel de coautor, a fim de evitar equívocos na interpretação da cena.
Ele não enxergava méritos no “espontaneísmo”. Moldava os movimentos com a destreza de um coreógrafo, mesmo que tal abordagem nem sempre fosse plenamente aceita no cenário teatral contemporâneo. O que verdadeiramente o instigava era a busca pela expressividade máxima.
E, assim, Aderbal Freire-Filho deixa sua marca no teatro nacional.
Imagem: Reprodução/Edimar Soares