Ceará registra redução nos números de denúncias de assédio e importunação sexual
Os dados referentes aos crimes de assédio sexual e importunação sexual no Ceará apontam para uma redução significativa. Esse cenário, no entanto, levanta questões sobre a real situação das denúncias e da subnotificação. Em um contexto onde muitas vítimas ainda enfrentam barreiras para denunciar, os números registrados oferecem uma nova perspectiva.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o Ceará registrou uma queda de 42,3% nas ocorrências de assédio sexual entre janeiro e agosto de 2024. Nesse período, foram registrados 15 casos, enquanto no ano anterior houve 26 registros. Ainda assim, a necessidade de maior conscientização e suporte às vítimas permanece evidente.
Importância da denúncia dos crimes de assédio e importunação sexual
A delegada Gisele Martins, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Fortaleza, destaca a importância crucial das denúncias para que a justiça seja feita. Ela observa que muitos agressores não reconhecem seus atos como crimes e, frequentemente, as vítimas também não se veem como tal.
Conforme a delegada, uma das justificativas mais comuns para a ausência de denúncias é a falta de provas. A vítima muitas vezes acredita que será a palavra dela contra a do agressor. No entanto, é essencial que procurem a delegacia, onde encontrarão apoio e instrução adequados.
A importunação sexual, que inclui atos libidinosos sem consentimento, também apresentou uma redução nos registros. De janeiro a agosto deste ano, foram notificadas 250 ocorrências, uma diminuição em relação aos 318 casos no mesmo período de 2023. Esses dados foram coletados pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp).
Papel das Delegacias de Defesa da Mulher
A atuação das Delegacias de Defesa da Mulher (DDM) é essencial no acolhimento e orientação das vítimas. Gisele Martins reforça a importância de denunciar, independentemente do tempo transcorrido desde a violência.
Atualmente, o Ceará conta com 10 unidades da DDM distribuídas pelo estado, atendendo cidades como Pacatuba, Caucaia, Maracanaú, Crato, Iguatu e Icó. Onde não houver uma DDM especializada, as delegacias municipais e regionais estão preparadas para registrar e investigar esses casos.
A redução nos registros de assédio e importunação sexual no Ceará pode indicar resultados positivos das políticas públicas implementadas para proteger as vítimas e responsabilizar os agressores. Ainda assim, especialistas concordam que há muito a ser feito para garantir que todas as vítimas se sintam totalmente seguras e confiantes para denunciar.