Conta de luz no Pará acumula alta de 171,93%; veja dados

Nos últimos dez anos, a conta de luz do Pará experimentou um aumento acumulado de 171,93%. Esses dados foram divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A população paraense tem expressado grande descontentamento diante da revisão tarifária anual empreendida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A expectativa é que um novo ajuste seja estabelecido ao longo desta semana, após a suspensão temporária do reajuste de 18,31% que havia sido aprovado. Nesse sentido, a Aneel agendou uma reunião para hoje, em Brasília, na qual um novo índice será deliberado.

Entenda o aumento na conta de luz

Apesar da falta de definição quanto ao ajuste tarifário deste ano, os incrementos constatados no custo da eletricidade no estado do Pará, levando em consideração, no mínimo, o decênio passado (2013-2022), exibem um aumento cumulativo substancialmente superior à taxa inflacionária calculada para o mesmo intervalo temporal.

Raphael Oliveira, economista e pesquisador especialista em finanças, afirma que “as análises dos números mostram que nos últimos 10 anos a alta de 171,93% superou a inflação acumulada medida pelo INPC/IBGE para o mesmo período, que foi de apenas 73,39%, mais que o dobro”.

Ele ainda explica que são precisamente essas cifras que, em tese, deveriam orientar o processo de reajuste. O aumento jamais deveria ultrapassar, muito menos dobrar. Essa situação impacta de forma direta o padrão de vida das famílias, influenciando de maneira significativa os gastos cotidianos e, por conseguinte, a própria qualidade de vida.

Sem saída

A situação é ainda mais desafiadora considerando que, mesmo no cenário hipotético de salários sendo plenamente ajustados à inflação, a capacidade de acompanhamento desses aumentos substanciais permaneceria insuficiente. Essas oscilações não afetam apenas o custo da energia elétrica, mas também impactam os preços dos alimentos, despesas com saúde, educação, aluguel e outros setores.

Em meio a esse contexto de encarecimento generalizado, aqueles que dependem exclusivamente do salário mínimo mensal enfrentam as maiores dificuldades para garantir sua subsistência. O reajuste nas tarifas de energia elétrica, inclusive, repercute diretamente na capacidade de alimentação dos habitantes do Pará.

O impacto da aquisição da cesta básica de alimentos essenciais consome em média mais da metade, ou seja, cerca de 53,27%, do atual salário mínimo de R$ 1.320 no estado. Isso resulta em uma parcela diminuta ou quase nula para outras despesas essenciais do trabalhador e sua família.

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