Número de mortes causadas por operações policiais na Bahia é assustador
No ano de 2022, o número de mortes resultantes de confrontos envolvendo as forças policiais da Bahia ultrapassou a soma das fatalidades causadas por todas as polícias estaduais dos Estados Unidos.
Uma análise comparativa realizada pelo UOL, a partir dos dados fornecidos pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Mapping Police Violence dos EUA, revelou essa alarmante discrepância.
Dados
Conforme detalhes presentes no Anuário, as polícias civis e militares da Bahia registraram um trágico total de 1.464 vítimas fatais ao longo de confrontos e operações ocorridas durante o ano de 2022. Em contrapartida, nos Estados Unidos, o levantamento realizado pelo MPV aponta que as forças de segurança resultaram em 1.201 óbitos.
A análise expõe uma situação de grave letalidade policial no contexto nordestino, tendo em vista que o estado possui cerca de 15 milhões de habitantes, em contraste com os 330 milhões nos Estados Unidos.
O que diz o governo
Na última segunda-feira, em 7 de agosto, o governador Jerônimo Rodrigues, do Partido dos Trabalhadores (PT), fez uma declaração abordando as recentes ações policiais ocorridas no estado, englobando o intervalo compreendido entre 28 de julho e 4 de agosto, as quais resultaram em pelo menos 29 fatalidades.
Ele reforçou o compromisso do governo estadual em investigar devidamente qualquer indício de excesso cometido por parte de seus servidores. Jerônimo também informou que estava em diálogo com Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos, a respeito de iniciativas voltadas para a preservação da vida e outras parcerias visando aprimorar a segurança pública.
As estatísticas comparadas remetem ao período de gestão do ex-governador, atualmente ocupando o cargo de ministro da Casa Civil, Rui Costa. Durante seus dois mandatos, que se estenderam de 2015 a 2022, o número de óbitos causados por intervenções policiais no estado registrou um aumento de 313%.
Genocídio
Wagner Moreira, um dos articuladores do Fórum Popular de Segurança Pública, enfatiza que o “acordo de letalidade” tem sido o responsável pela configuração atual, que ele não hesita em classificar como um quadro de genocídio. Moreira destaca que a administração de Rui Costa “implementou um controle social da população preta por meio da força”.
A Secretaria de Segurança Pública observa uma queda nas fatalidades resultantes de intervenções policiais ao longo do 2023, marcando o início da administração liderada por Jerônimo. Em oito meses, desde o início desse levantamento, houve uma redução de 5,8% no número de óbitos registrados.
Imagem: Reprodução/GOVBA