Pesquisa revela fator preocupante envolvendo ações policiais no Ceará

Em 2023, o estado do Ceará registrou um total de 147 mortes resultantes de intervenções policiais. Dessas, 88,7% foram de pessoas negras ou pardas, segundo dados oficiais obtidos pela Rede de Observatórios da Segurança através da Lei de Acesso à Informação. Esse indicativo revela um aspecto preocupante sobre a relação entre a cor da pele e a letalidade policial na região.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 71,5% da população do Ceará é composta por pessoas negras. Além disso, o relatório destaca um dado demográfico significativo: 79,6% das vítimas tinham entre 12 e 29 anos, reforçando a vulnerabilidade da juventude negra frente às ações policiais. Esses números voltam os holofotes para as políticas de segurança pública do estado.

Quais são as medidas do governo cearense para combater a letalidade policial?

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará afirma estar engajada em políticas para reduzir a mortalidade entre pessoas negras. Em 2024, lançaram um Painel Dinâmico de Monitoramento para coletar de forma mais eficaz dados sobre discriminação racial. Essa ferramenta visa proporcionar transparência e revisão das práticas policiais.

Ademais, a secretaria iniciou uma campanha para incentivar a inclusão de dados de raça e cor na Carteira de Identidade Nacional, o que pode contribuir para a elaboração de estratégias mais assertivas de combate ao racismo e à violência institucional. Essas ações são parte de um conjunto mais amplo de medidas para aprimorar a coleta e análise de dados, essenciais para a formulação de políticas públicas eficazes.

Desafios enfrentados na redução da violência policial

Apesar de esforços governamentais, o problema persiste, sobretudo pela associação, ainda presente, entre confrontos policiais e letalidade. Como criticou Fernanda Lobato, especialista da Rede de Observatórios da Segurança, a ausência de mudanças estruturais dificulta a redução significativa das mortes. A falta de transparência nos dados é um dos maiores entraves para a compreensão e ajuste das práticas vigentes.

O censo do último ano indicou um aumento de 27% nas mortes de pessoas negras em intervenções policiais, em comparação com o ano anterior. Essa estatística levanta importantes questões sobre a eficácia das políticas de segurança pública implementadas até agora.

Quais são as iniciativas de formação e conscientização em curso?

A fim de mitigar o impacto da violência policial, a Academia Estadual de Segurança Pública promove cursos focados em intervenções não letais e no atendimento a grupos vulneráveis. Recentemente, foram formados 4.640 profissionais entre 2023 e outubro de 2024. Palestras em escolas também visam disseminar a consciência sobre temas como violência, bullying e respeito ao próximo.

Essas atividades educacionais são complementadas por atualizações nos sistemas de dados policiais para permitir uma análise mais abrangente e precisa dos contextos envolvendo discriminação racial e étnica. A expectativa é de que essas ações, em conjunto, fomentem uma cultura de maior respeito e justiça dentro dos órgãos de segurança.