Terremotos estão afetando o Ceará desde 1807; entenda o motivo
A noite em que todo o Nordeste foi abalado permanece gravada na memória daqueles que estavam acordados durante um dos maiores eventos terrestres já registrados na região.
Era exatamente 29 minutos após a meia-noite, com o calendário já marcando o dia 20 de novembro de 1980, que um abalo sísmico, com magnitude de 5,2, fez-se sentir em uma abrangência de até 600 quilômetros de distância do epicentro.
O evento ocorreu na cidade de Pacajus, situada na região metropolitana de Fortaleza (CE). No epicentro, foram contabilizadas mais de 400 residências danificadas, além de pessoas feridas e atormentadas pelo medo, encontrando abrigo em tendas de lona. Já em lugares mais afastados, como São Luís (MA), João Pessoa (PB) e Maceió (AL), foram registradas vibrações de menor intensidade.
Por que terremotos ocorrem?
A possibilidade de ocorrerem novos tremores de magnitude comparável ao evento ocorrido em Pacajus permanece em aberto na região, como esclarece Eduardo Menezes, geofísico do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN).
O especialista sublinha que essa atividade sísmica no Nordeste se concentra especialmente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco, havendo também registros relevantes na área do Recôncavo Baiano.
O geofísico destaca que a história já demonstrou uma recorrência desses eventos. Ao longo de intervalos mais extensos, de 30, 40 ou mesmo 50 anos, foram observados tremores na faixa de magnitude de 4,5 a 5. Esse histórico indica a possibilidade de ocorrer um novo evento com magnitude nessa ordem, possivelmente em torno de 5,3.
No entanto, permanece incerto tanto o local quanto o momento em que isso pode ocorrer.
Abalos sísmicos no Nordeste
Um dos primeiros registros de abalos sísmicos no Nordeste remontam ao ano de 1807, no município de Pereiro (CE), e em 1808, quando um terremoto com magnitude de 4.8 teve como epicentro a localidade de Apodi, no estado do Rio Grande do Norte.
Na área, é frequente a ocorrência de abalos de menor magnitude, por vezes perceptíveis apenas pelas estações de monitoramento sísmico, como aquelas estabelecidas em colaboração com o laboratório da UFRN.
Os terremotos se desencadeiam quando há fricção entre as placas tectônicas. Mesmo estando localizado no centro de uma placa, o Nordeste abriga várias regiões que atravessam falhas geológicas, tais como fendas profundas sob o solo.
Todas as placas tectônicas do planeta estão em movimento, que se traduz nas falhas e desencadeia ondas e choques que, por sua vez, resultam nos terremotos nessas áreas.
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Imagem: Reprodução/Eco Nordeste