Cidades do Ceará quase receberam lixo atômico do Brasil
Em 1987, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) determinou que dois municípios cearenses receberiam depósitos de lixo atômico, o que revoltou a população. Apesar da proposta ter sido barrada, durante as manifestações, todo o país esteve de olho no que acontecia no interior do estado do Ceará. Saiba mais detalhes a respeito desse caso histórico.
Cidades cearenses quase foram depósitos de lixo atômico em 1987
Há 36 anos, em novembro de 1987, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) decidia que as cidades de Jucás e Jaguaretama, localizadas, respectivamente, no Centro Sul e no Vale do Jaguaribe, passariam a abrigar depósitos de lixo atômico. A decisão desagradou à população, que se manifestou.
“Mobilizamos a população. A população se uniu e eu, fazendo esse trabalho, fui livrando Jaguaretama, porque era um desaforo. Nós somos pobres, mas merecemos respeito. Era um verdadeiro absurdo do governo federal”, contou Maria Iara da Costa, funcionária pública e natural da cidade de Jaguaretama.
Vale ressaltar que, em março daquele mesmo ano, o então presidente José Sarney havia enviado ao Congresso um decreto a respeito de possíveis locais a serem escolhidos para abrigar os depósitos. Entre eles, havia opções no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Pernambuco, no Piauí, na Bahia, no Pará e em outros estados.
Na época, o então diretor de materiais da CNEN, Fernando Bianchini, afirmou que os rejeitos recebidos nesses depósitos seriam, por exemplo, “resultantes dos usos da aplicação de radioisótopos na medicina, indústria, agricultura e pesquisa. Alguns materiais gerados nos reatores de pesquisa e de potência estão nessa classificação”.
No entanto, depois das manifestações populares nas ruas, das discussões feitas no Congresso e de telefonemas entre o governo federal e autoridades cearenses, a proposta acabou sendo barrada. Além disso, também houve discussões entre representantes dos setores industrial e comercial do Ceará.
Imagem: Reprodução/Airton Bezerra